Rio de Janeiro, 4 abr (Xinhua) -- Em seu último ato público antes de o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir quarta-feira se lhe concede um habeas corpus que evite sua prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) afirmou que quer sua inocência de volta e que uma eventual prisão não vai encarcerar seus pensamentos e sonhos.
"Eles não vão prender meus pensamentos, não vão prender meus sonhos. Se não me deixarem andar, vou andar pelas pernas de vocês. Se não me deixarem falar, falarei pela boca de vocês. Se meu coração deixar de bater, ele baterá no coração de vocês", disse Lula a mais de 5.000 pessoas que lotaram na noite desta segunda-feira o Circo Voador, casa de shows localizada no centro do Rio de Janeiro.
Condenado em segunda instância pelo Tribunal Federal da 4ª Região por suposta corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato, operação que investiga escândalos de propina relacionados com a Petrobras, o ex-presidente depende de uma votação no STF sobre o habeas corpus apresentado por sua defesa para continuar em liberdade até que o caso passe por todas as instâncias superiores.
Em participação no "Ato em defesa da democracia e justiça para Marielle Franco", Lula, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto para as eleições presidenciais de outubro, afirmou que não estava ali pelo "direito de ser candidato".
"Eu quero que eles parem de mentir a meu respeito, devolvam a minha inocência, e julguem (no STF) o mérito do processo (pelo qual foi condenado a 12 anos e um mês de prisão)", destacou.
Lula advertiu ainda que a luta para recuperar a democracia no país será longa e difícil, mas insistiu que o importante, mesmo que se perca uma batalha, é não perder a disposição de continuar lutando.
O evento contou com a presença de mais de 30 líderes sociais e políticos, além de personalidades da esquerda brasileira, entre eles a pré-candidata à presidência do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) Manoela D'Ávila o deputado estadual carioca do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) Marcelo Freixo e o compositor Chico Buarque de Holanda .
Durante o ato que contou com a participação da mãe, da irmã e da companheira de Marielle Franco, foi prestada uma emocionante homenagem à vereadora do PSOL e defensora dos direitos humanos assassinada brutalmente a tiros junto com seu motorista no dia 14 de março.
"Quero dizer pra mãe da Marielle: sabe qual é o erro daqueles que praticam a violência? Eles acham que matando a carne eles matam as ideias", disse Lula.