A Semana do Clima da América Latina e Caribe sobre o meio ambiente e as mudanças climáticas, organizada pelas Nações Unidas (ONU), foi inaugurada nesta segunda-feira em Salvador, no nordeste do Brasil, com a participação de representantes de 26 países da região.
O evento acabou sendo realizado depois do governo brasileiro ter anunciado em maio que seria cancelado, já que o Brasil tinha desistido de organizar a Conferência do Clima da ONU, a COP25, que acontecerá em dezembro, no Chile.
Na primeira jornada do evento, se debateu a participação das cidades e dos estados no cuidado com as mudanças climáticas.
O diretor da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), James Grabert, afirmou que "é importante envolver as cidades, empresas e pessoas. Com vários atores participando, podemos fomentar e seremos um multiplicador de cuidados com o meio ambiente".
O prefeito de Salvador (capital regional do estado da Bahia), ACM Neto, disse que cada cidade deve dar sua contribuição para um meio ambiente mais equilibrado e preservado. "Temos que ultrapassar as ideologias e questões políticas. Este é um tema que deve unir a todos nós", assegurou.
ACM Neto também citou o Plano Municipal de Adaptação e Mitigação da Mudança Climática, contratado com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e que se inicia neste mês.
"Meio ambiente e economia. Ao longo desta semana anunciaremos cada dia uma etapa do plano. A prefeitura reafirma o compromisso com a sustentabilidade e uma cidade para organizar um evento como este tem que dar o exemplo", acrescentou ACM Neto.
Um dos cientistas mais respeitados presente ao evento nesta segunda-feira foi o brasileiro Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês) e da National Academy of Science (NAS) dos EUA. Segundo ele, há uma necessidade de controle dos efeitos climáticos.
"Estamos notando um movimento anticiência, mas o fato de que alguns ignorem a ciência não quer dizer que o problema desaparecerá", explicou Nobre.
O cientista brasileiro falou sobre a importância do Acordo de Paris, tratado no âmbito da ONU que estabelece as medidas de redução dos gases causadores do efeito estufa no mundo.
"Estamos alterando vários aspectos, como a temperatura, a fertilidade do solo, o aquecimento dos oceanos, a elevação do nível do mar, o degelo do oceano ártico. Tenho a esperança de que o Acordo de Paris possa resolver a situação do clima", comentou.
Segundo Nobre, o mês de julho deste ano foi o mais quente no mundo desde meados do século XIX. Além disso, houve um aumento no nível do mar de 25 centímetros no século passado, fruto do degelo dos glaciares e das placas de gelo.
"O Brasil e a busca pela sustentabilidade devem caminhar sempre juntos. Se não caminharmos para um planeta neutro em carbono, o aquecimento global irá piorar muito", explicou o cientista ao público presente.